O DRAMA DE VELHICE NAS ZONAS RURAIS

Publié le par LUVUVAMO YALA DAMBA

Um belo dia de cacimbo, depois da viagem que acabava de efectuar na Comuna de Nkusso Pete, decidí visitar o tio Bondo a Massavidi, na aldeia Kimpanzu da regedoria de Kicumba-Lemboa Nkandungo, para saber da sua saúde e ouvir dele alguma realidade sobre a velhice.

 

Velho Bondo a Massavidi é um ex- fazendeiro de Café localizada na basi dia Lêmboa, actualmente em abandono, pai de muitos filhos e filhas e netos e bis-netos, agora debilitado pela velhice e cegueira, tal que reconhecia as pessoas pela voz.

 

Depois de contar muitas histórias sobre o tempo de sua juventude de que se lembra muito bem, disse-me: Encosta aqui ! apontando o dedo como sinal de me aproximar perto dele. entendí logo que ele não queria levantar muito a sua voz. Me aproximei de imediato e disse-lhe: Ei-me aqui. O velho perguntou-me: Sabes porque os Velhos choram pela morte ? Sabe porque os Velhos deixam sempre comida de reserva ? Sabe a orfandade da velhice ? Assustei-me quando ouví:ORFANDADE DA VELHICE e porque as perguntas se seguiam, quebrei meu silencio e respondí logo: não sei ! ORFANDADE DA VELHICE ? Lhe devolvei a pergunta. Ele disse sim. Que isto tio ?

Ah ! meu filho, a vida é boa quando vê ! Uma vez que perde a vista, perde tudo ! O mundo e a sua beleza ! Na velhice, a pessoa não perde só a vista, mas perde a força e a independência e em contrapartida, aumenta a inteligencia e a sabedoria.

Mas para que serve essa inteligencia e sabedoria se não consegue materializar o que sabe ?

 

Na minha Juventude pensei evitar essas situações. Decidí me sacrificar no trabalho para que tivesse uma velhice com conforto. Trabalhei as minhas fazendas, domestiquei animais, arranjei minha mulher com quem tenho filhos. Tudo estava bom.

 

Ao longo dos tempos, os filhos cresceram e cada um foi formar seu lar. Eu já velho, tinha de arranjar trabalhadores para tratar da fazenda. Não me falta comida nem roupa porque os filhos e netos já mandam qualquer coisa, para além dos produtos do meu suor do passado. Mas uma coisa é esta: com a sua força, podes acompanhar o andamento dos teus trabalhos, vai corrigindo e orientando devidamente os trabalhadores como devem fazer as coisas.

 

Minha infelicidade começou quando tornei-me cego. Não posso ver mas sinto. Um bitacania que te entra no dedo, deves procurar uma criança para te salvar. Com a vida que se tornou muito dificil, as crianças tornaram-se ajudantes das suas mães, ora acompanhando-as nas lavras para tomar conta do bebé, ora ir buscar lenhas, ora pisar o bombó e peneirar fuba. até que apareça uma criança, voce já sofreu muito !

 

Outra é:Nós trabalhamos para os filhos. A fazenda e os produtos estão a apodrecer alí, ninguém vai buscar para comer ou vender e ganhar seu dinheiro. São outras pessoas desconhecidas que se aproveitam do meu suor. Ao em vez de ficar só assim, da cidade veio a notícia de que as pessoas estão a comer nos contentores porque a vida está cara ! imagine voce que tem filhos, sobrinhos e neto alí nas vilas, como é que sete ? A ideia está aqui ( apontando a cabeça ) mas as pessoas abandonaram o bem e foram no inferno e muitos deles nem se lembram de onde sairam ! Dessa saudade, vem a tristeza para o idoso .

 

Quando te tragam comida, não deves acabar tudo!  Tem de deixar sempre um mocado. As crianças que tomam conta da aldeia, a dado momento, sente fome e procuram comida nas casas dos idosos. É exactamente nesta altura que podes encontrar um socorrista para te tirar a bitacanha. Essa é a politica ! Não comes sozinho.

 

Dessas palavras, me lembrei da minha avó Langa, mãe da minha mãe quando me dissera:< Vivas bem com as pessoas para evitar que estando doente, seja visitado por cabritos >

 

Aqui está as politicas, o civismo e as soluções ! Importa é reflectir para descobrir. A solução para esse povo e Damba em geral depende de ti, de mim, d´ele e de nós todos. Pense e faz algo para Damba.

Publié dans Cultura

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